No 2.º trimestre de 2020, observou-se uma diminuição trimestral de 22,7% e uma redução homóloga de 26,1% do volume de horas efetivamente trabalhadas. Estas variações são as maiores desde 2011.
A redução do volume de horas trabalhadas está sobretudo associada ao aumento da população empregada ausente do trabalho, que ascendeu a 1 078,2 mil pessoas (22,8% da população empregada), mais do dobro da observada no trimestre anterior e quase o quádruplo da existente no trimestre homólogo. O aumento ficou a dever-se quase exclusivamente à redução ou falta de trabalho por motivos técnicos ou económicos da empresa (que inclui a suspensão temporária do contrato e o layoff), razão apontada por 680,1 mil daquelas pessoas (cerca de dez vezes o número do trimestre anterior).
A população inativa com 15 e mais anos, estimada em 3 886,7 mil pessoas, aumentou 5,7% relativamente ao trimestre anterior e 7,5% em relação ao trimestre homólogo. Nunca antes, na série de dados iniciada em 2011, se havia registado variações trimestrais e homólogas tão elevadas. Estes acréscimos são explicados, essencialmente, pelo aumento da população inativa que, embora disponível, não procurou trabalho, estimada em 312,1 mil pessoas. Esta população aumentou 87,6% em relação ao trimestre anterior e 85,6% relativamente ao período homólogo. O aumento desta população resultou, em parte, de 41,8% dos desempregados no 1.º trimestre de 2020 terem transitado para a situação de inatividade no 2.º trimestre de 2020.
No 2.º trimestre de 2020, a taxa de desemprego foi 5,6%, valor inferior em 1,1 pontos percentuais (p.p.) ao do trimestre anterior e em 0,7 p.p. ao do trimestre homólogo de 2019. Pelo contrário, a taxa de subutilização do trabalho, estimada em 14,0%, aumentou 1,1 p.p. relativamente ao trimestre precedente e 1,6 p.p. por comparação com um ano antes.
A informação deste Destaque é influenciada pela situação atual determinada pela pandemia COVID-19, seja pela natural perturbação associada ao impacto da pandemia na obtenção de informação primária, seja pelas alterações comportamentais decorrentes das medidas de salvaguarda da saúde pública adotadas (ver explicação na página 14).
Apesar das circunstâncias, o INE tentará manter o calendário de produção e divulgação, embora seja natural alguma perturbação. Reforçamos o nosso apelo à melhor colaboração dos cidadãos e das entidades públicas e privadas na resposta às solicitações do INE. A qualidade das estatísticas oficiais, particularmente a sua capacidade para identificar os impactos da pandemia COVID-19, depende crucialmente dessa colaboração que o INE antecipadamente agradece.