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Em 2022, a habitação concentrou cerca de 39% da despesa média das famílias
Orçamentos Familiares
Em 2022, a habitação concentrou cerca de 39% da despesa média das famílias - 2022 / 2023
19 de junho de 2024

Resumo

De acordo com os resultados definitivos do Inquérito às Despesas das Famílias 2022/2023, que refletem ajustamentos face aos dados provisórios divulgados em dezembro de 2023, a despesa anual média dos agregados familiares foi, em 2022/2023, de 23 900 euros. Cerca de 2/3 da despesa média das famílias concentrou-se em encargos associados à habitação (39,3%), à alimentação (12,9%) e aos transportes (12,1%).

Em comparação com o restante território, os resultados evidenciam uma menor parcela da despesa afeta à cultura, recreação, deporto e lazer e aos serviços de educação nas áreas predominantemente rurais. À escala das regiões NUTS II, a despesa anual média foi mais elevada na Área Metropolitana de Lisboa (26 891 euros), mas também o Algarve superou a média nacional. Pelo contrário, a despesa média regional mais baixa foi observada na Região Autónoma dos Açores (19 431 euros), que também apresenta o perfil regional de despesa mais distante da média nacional.

Os resultados sugerem que, atendendo à composição familiar, os agregados com crianças dependentes gastam anualmente, em média, mais 9 731 euros do que os agregados familiares sem crianças dependentes, o que se traduz numa despesa mensal média superior em 811 euros. Esta diferença é extensível a todas as divisões da COICOP (classes de despesas de acordo com a Classificação do Consumo Individual por Objetivo). As famílias pertencentes ao último quintil de rendimento (20% das famílias com maiores rendimentos) gastaram mais do dobro dos agregados familiares integrados no primeiro quintil de rendimento (20% das famílias com menores rendimentos.

A proporção de despesas com saúde superiores a 10% do rendimento monetário foi observada sobretudo nas famílias sem crianças dependentes (14,1%) (nas famílias com crianças dependentes, aquela proporção foi de 7,7%), nas famílias com idosos, especialmente nas pessoas idosas a viver só (20,4%), e nas famílias com dois ou mais adultos em que pelo menos um é idoso (16,9%).

Esta edição do inquérito, em comparação com a de 2015/2016, acomoda aperfeiçoamentos de natureza metodológica, descritos na nota metodológica incluída neste documento. Estão em causa alterações: 1) na COICOP (foi implementada, pela primeira vez, a COICOP-2018); 2) nos fatores de anualização (na medida em que o questionário passou a inquirir a frequência com que as despesas são realizadas por cada família, permitindo a obtenção de informação mais precisa); 3) no dimensionamento da amostra (a amostra do inquérito incluiu uma nova metodologia de reforço de unidades de alojamentos de modo a mitigar, ainda que parcialmente, os problemas resultantes da assimetria na distribuição dos rendimentos e a maior incidência de não respostas nas famílias com maiores recursos); e 4) nos ponderadores (a calibragem inclui pela primeira vez variáveis monetárias no modelo de ajustamento).

Ainda que estes aperfeiçoamentos apontem para uma quebra de série, com base num exercício simplificado de compatibilização da série temporal, os dados sugerem que a importância relativa dos encargos com a habitação na estrutura da despesa familiar tem aumentado nas últimas décadas e que, em contrapartida, os encargos com alimentação e com vestuário e calçado são os que mais têm perdido peso no conjunto da despesa dos agregados familiares.

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