De acordo com os resultados provisórios do Inquérito às Despesas das Famílias 2022/2023, a despesa anual média dos agregados familiares foi, em 2022/2023, de 24 190 euros. Cerca de 2/3 da despesa média das famílias concentrou-se em encargos associados à habitação (39,1%), à alimentação (12,9%) e aos transportes (12,4%).
À escala das regiões NUTS II, a despesa anual média foi mais elevada na região Norte (25 057 euros), mas também superava a média nacional na Área Metropolitana de Lisboa e na Região Autónoma da Madeira. Pelo contrário, a despesa média regional mais baixa foi observada na Região Autónoma dos Açores (20 439 euros), que também apresenta o perfil regional de despesa mais distante da média nacional.
Os resultados sugerem que, atendendo à composição familiar, os agregados com crianças dependentes gastam anualmente, em média, mais 8 861 euros do que os agregados familiares sem crianças dependentes, o que se traduz numa despesa mensal média superior em 738 euros. Esta diferença é extensível a todas as Divisões da COICOP (Classificação do consumo individual por objetivo).
Esta edição do inquérito acomoda aperfeiçoamentos de natureza metodológica. Estão em causa alterações: 1) na COICOP (foi implementada, pela primeira vez, a COICOP-2018); 2) nos fatores de anualização (na medida em que o questionário passou a inquirir a frequência com que as despesas são realizadas por cada família, permitindo a obtenção de informação mais precisa); 3) no dimensionamento da amostra (a amostra do inquérito incluiu uma nova metodologia de reforço de unidades de alojamentos de modo a mitigar, ainda que parcialmente, os problemas resultantes da assimetria na distribuição dos rendimentos e a maior incidência de não respostas nas famílias com maiores recursos); e 4) nos ponderadores (a calibração inclui pela primeira vez uma variável monetária no modelo de ajustamento).
Ainda que estes aperfeiçoamentos apontem para uma quebra de série, com base num exercício simplificado de compatibilização da série temporal, os dados sugerem que a importância relativa dos encargos com a habitação na estrutura da despesa familiar tem aumentado nas últimas décadas e que, em contrapartida, os encargos com alimentação e com vestuário e calçado são os que mais têm perdido peso no conjunto da despesa dos agregados familiares.